Perfume de vômito de baleia

Ilustrações Jaca

Sim, isso existe! Alguns perfumes usam em sua composição substâncias que foram vomitadas (ou defecadas… eca!) por baleias. Essa excreção possui a consistência de uma cera e é chamada de âmbar cinza, ou âmbar gris. Durante séculos, ela foi considerada uma substância misteriosa, porque era encontrada na praia ou flutuando no mar, sem que ninguém soubesse qual era sua origem. 

Somente no século 18 ficou comprovado que se tratava de uma substância produzida no intestino de baleias cachalote. Aparentemente, poucas baleias produzem o âmbar cinza, que parece se formar para envolver partes duras, de difícil digestão, presentes nas presas das baleias. 

Quando fresco, o âmbar cinza tem cheiro de… cocô! Mas, curiosamente, com o passar dos anos fora do corpo das baleias, ele adquire um agradável perfume adocicado. Pode acreditar! 

Há séculos ele é usado na formulação de perfumes para prolongar ou compor diferentes fragrâncias. Hoje, porém, foi substituído na indústria por substâncias sintéticas similares. Mas que existe, existe!

Vinicius A. São Pedro
Laboratório de Estudos Zoológicos do Alto Paranapanema
Universidade Federal de São Carlos

Gelo seco vira gás

Apesar do nome e da aparência, o gelo seco não é gelo como aquele da sua geladeira, porque não é feito com água! Gelo seco é o nome popular de um composto químico, o dióxido de carbono (CO2) – o gás carbônico! – em estado sólido, a uma temperatura de -78,5 °C. Isso significa muuuito gelado! 

Seu processo de produção não é muito simples: envolve a compressão do dióxido de carbono gasoso e a diminuição da temperatura. Uma vez no estado sólido, ele tem uma propriedade bastante interessante. Na pressão atmosférica, ao contrário da água, que passa do estado sólido para o estado líquido, o gelo seco não derrete. Ele passa diretamente do estado sólido ao estado gasoso. E, nesse processo, gera uma fumaça branca, o CO2 gasoso, que é um gás incolor, inodoro (sem cheiro) e insípido (sem gosto). Por isso, ele é ótimo para colocar no isopor e manter o picolé durinho, porque mantém a temperatura bem baixa, sem alterar o aroma e o sabor do picolé, e sem lotar o isopor de água.

José Celestino de Barros Neto
Instituto de Química
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Gelo mais gelado

Você já deve ter escutado que a água congela a uma temperatura de 0°C. Mas sabia que se adicionarmos alguma substância à água, como sal de cozinha ou açúcar, ela passa a congelar a temperaturas mais baixas? E sabia que, mesmo quando a água já está na forma de gelo, se adicionamos sal de cozinha e medirmos a temperatura, vamos observar uma diminuição que pode chegar a -20°C? 

Esse fenômeno já era conhecido no Oriente Médio, pelo menos, desde o século 13. E os italianos, no século 17, passaram a utilizar essa técnica de adição sal de cozinha ao gelo para a produção das primeiras receitas de sorvete. Hummm! Foi esse conhecimento que permitiu que os sorvetes existissem mesmo antes da invenção da geladeira ou do freezer. 

Raoni Schroeder Borges Gonçalves
Instituto de Química
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Projeto de Extensão Química na Cozinha de Minerva)