A castanheira dominante

Foto Mauro Guanandi/Wikimedia Commons

Nome popular: castanheira-do-brasil, castanheira-do-pará, castanheira-da-amazônia
Espécie: Bertholletia excelsa
Tamanho: até 50 metros de altura
Classificação: vulnerável

A castanheira-do-brasil é uma árvore da família das lecitidáceas que ocorre na Amazônia. Ela é imensa! Sua copa fica acima da copa das outras árvores da floresta, por isso é classificada como uma árvore dominante. Ela pertence à mesma família botânica dos jequitibás e das sapucaias, outras árvores gigantes das florestas atlântica e amazônica.

Estojo de sementes

A grande família que inclui a castanheira-do-brasil produz frutos secos e muito duros, em formato de cápsula, chamados pixídios (do grego, pxydion = caixinha, estojo). Dentro dos pixídios é que ficam as sementes da castanheira: a castanha, que é muito nutritiva e apreciada pelos animais.

Os frutos dessa árvore demoram cerca de 14 meses para se desenvolverem completamente e, quando maduros, caem no chão, na estação chuvosa. Curiosamente, eles não têm abertura suficientemente grande por onde as sementes possam sair. Há apenas um furinho bem pequeno, o opérculo. As cutias e as pacas roem o fruto e conseguem retirar as sementes. Há que diga que algumas espécies de macacos também conseguem abrir os frutos velhos, batendo-os nos galhos das árvores.

Jardineiros por acaso

As cutias e as pacas, pertencentes ao grupo dos roedores, têm uma relação muito interessante com a castanheira. Elas abrem os frutos para consumirem as sementes, atuando assim como predadores.

Por outro lado, esses animais também têm o hábito de enterrar uma grande quantidade de sementes em diversos locais da floresta, para consumirem ao longo do ano. Mas acabam se esquecendo do local onde enterraram boa parte delas. As sementes, então, germinam no solo, fazendo com que esses roedores, sem querer, atuem também como dispersores das sementes. São jardineiros por acaso, e são fundamentais para a manutenção dos castanhais.

Amiga castanheira

Nós humanos, assim como as cutias e pacas, costumamos gostar da castanha, e utilizá-la tanto para consumo de forma natural como na preparação de biscoitos, doces, sorvetes, entre outros alimentos. Consideradas muito nutritivas, as castanhas são ricas em selênio, um mineral importante para o sistema imunológico.

Praticamente toda a produção comercial da castanha-do-brasil é colhida diretamente da floresta por comunidades tradicionais e povos indígenas que vivem na floresta e dela tiram seu sustento. O fruto da castanheira é um dos principais produtos do extrativismo brasileiro, e sua coleta e comercialização envolve a participação de mais de 60 mil pessoas em toda a Amazônia brasileira. É muita gente que vive da coleta e comercialização das castanhas!

A relação dos povos indígenas com as castanheiras teve início há cerca de 12 mil anos, quando os primeiros humanos chegaram na região Amazônica. Diversas evidências científicas mostram que a distribuição atual da castanheira e a quantidade de árvores em diferentes regiões são resultado do trabalho e da dedicação dos povos originários.

Árvore protegida

A castanheira tem o tronco bem cilíndrico, reto, e sem ramificações. Embora a madeira seja muito resistente e de alta qualidade para construção civil, a derrubada dessas árvores é proibida por lei desde 1980, por conta de sua importância ecológica, social, cultural e econômica.

A sobrevivência e reprodução da castanheira depende da preservação da floresta, necessária para abrigar as abelhas polinizadoras (mamangavas), além das pacas e das cutias, que realizam a dispersão das sementes.

A produção de castanhas é fortemente afetada pelas mudanças climáticas devido ao longo período de crescimento e do tempo que os frutos levam para ficar maduros. A falta ou a irregularidade das chuvas tem causado quedas na produção, prejudicando a renda e a segurança alimentar das milhares de pessoas que dependem da coleta da castanha. Por isso, é tão importante preservar a castanheira-do-brasil.

Karina Martins
Universidade Federal de São Carlos
Lúcia Helena de Oliveira Wadt
Embrapa Rondônia

Matéria publicada em 01.09.2025

Comentário (1)

  1. Esse site é interessante mas confuso 😕 😕 😕

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