Se você acha que a gravidade reduzida e a escassez de ar e alimentos podem ser os piores problemas enfrentados por astronautas em missões de longa duração, pense melhor… Em uma ida a Marte, por exemplo, que duraria atualmente, no mínimo, nove meses, seriam inúmeros os desafios pelo caminho: oxigênio para respirar, alimentação, reciclagem de dejetos (cocô e xixi), produção de energia, manutenção da espaçonave… Seguramente esses estão entre os problemas mais comuns. Mas não se pode desprezar um fator muito importante: a saúde mental das pessoas a bordo!
A solidão, o isolamento e o confinamento em um ambiente muito limitado e sujeito a condições extremas, com gravidade reduzida, podem afetar seriamente o bem-estar psicológico das pessoas, e isso precisa ser levado em conta nas futuras missões espaciais. Uma possível solução beira a ficção científica: robôs sociais.
Cientistas estão estudando com seriedade a ideia de criar um robô social, desenvolvido não apenas para executar tarefas operacionais, mas para interagir de forma mais humanizada com as pessoas, oferecendo companhia e reagindo de maneira empática (sabendo se colocar no lugar do outro). Essa iniciativa pode auxiliar a criar um ambiente de convivência saudável para astronautas, diminuindo a pressão psicológica nos diversos momentos de solidão e estresse que certamente irão ocorrer em longas viagens.
Seres humanos tendem a reagir socialmente mesmo com computadores e outros aparelhos digitais, o que torna promissora a ideia da aceitação de robôs como companheiros de viagem. Além da interação com astronautas, esses robôs poderiam também ser responsáveis por tarefas técnicas perigosas, como reparos externos à espaçonave e inspeções de segurança.
Mas, se você acha que um robô com características humanas, que tenha interação ativa com a tripulação, como nos filmes de ficção científica, é uma solução ideal, engana-se! Existe um conceito chamado “vale da estranheza”, que mostra que a convivência com robôs que parecem com o ser humano é bem tolerada e aceita somente até certo ponto. Quando eles começam a se parecer muito conosco, podemos apresentar um sentimento de repulsa ou medo.
O desafio da ciência nesta área é conseguir um desenho e uma programação de comportamentos que promovam uma interação acolhedora e natural com os seres humanos, sem causar sentimentos de desconforto e medo. Expressões faciais, postura e gestos simples são essenciais para uma boa interação social. Para isso, a tecnologia ainda tem que evoluir bastante também, porque, além desses aspectos básicos, um robô social que efetivamente cumpra o papel de auxiliar na saúde mental de astronautas deve se adaptar às necessidades individuais deles.
E você, o que acha dessa ideia? Conta pra gente! Que tal descrever as características que você gostaria que o seu “amigo” robô tivesse?
Eder Molina
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo
Sou paulista, e já nem lembro quando nasci… Sempre fui curioso sobre o porquê das coisas, e desde criança tinha meu clubinho da ciência. Hoje sou professor de Geofísica e continuo xereta e buscando aprender muitas coisas, principalmente sobre a Terra e o Sistema Solar.
Matéria publicada em 03.06.2025
Karla
Olá, CHC!
Muito interessante a matéria sobre a necessidade de ter um robô dentro de uma espaçonave a caminho de Marte. Ahhh, se eu fosse para Marte gostaria que o meu amigo robô fosse muito alegre, engraçado e que adorasse conversar. Parabéns pela matéria!
Alice Migott Savenhago
Meu robô ia fazer os temas de casa