A Mata Atlântica é o terceiro maior bioma brasileiro em extensão, perdendo somente para a Amazônia e o Cerrado. Localizada em uma região com clima mais úmido, com muita chuva durante o ano todo, principalmente nas regiões mais próximas do mar, a Mata Atlântica se estende do Rio Grande do Sul ao Piauí, passando por grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, além de alcançar os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Sua área também adentra parte do Paraguai e da Argentina. Esse bioma tem surpresas guardadas por onde passa, revelando uma grande variedade de vegetação, conforme avança pelo território brasileiro.
Os ecossistemas costeiros, naturais da Mata Atlântica, como as restingas, têm solos arenosos e pobres em nutrientes. São ambientes expostos ao Sol forte e aos ventos. Mesmo assim, muitas plantas e animais vivem ali, porque se adaptaram a essas condições desafiadoras.
Mas a vegetação varia bastante conforme a distância do mar. Pertinho da praia, por exemplo, há gramíneas, cactos e bromélias, chamada vegetação herbácea. Um pouco mais para dentro, aparecem os arbustos. Mais além, árvores maiores formam as florestas de restinga. Todas essas vegetações são lar de muitos insetos, sapos, lagartos, caranguejos, aves e pequenos mamíferos. Cada tipo de planta cresce de acordo com o solo e a quantidade de água disponível.
Os manguezais também fazem parte dos ecossistemas costeiros presentes na Mata Atlântica e têm como característica marcante uma vegetação muito resistente, com florestas com solo alagado, salino e com pouco oxigênio. É por isso que as plantas dos manguezais desenvolvem raízes diferentes, que ficam expostas na superfície do solo, para absorver mais oxigênio do ar.
Você já deve ter ouvido falar que os manguezais são como berçários naturais para várias espécies de importância ecológica, econômica e social, como peixes, caranguejos, aves e mamíferos que nascem ou se alimentam ali. Isso é mesmo verdade. E tem mais: os manguezais ajudam a filtrar a água salgada e proteger o litoral.
Estranhou o fato de a Mata Atlântica não se chamar ‘Floresta Atlântica’? Saiba que há uma explicação! O termo ‘mata’ é mais abrangente, incluindo uma diversidade de ecossistemas e, entre eles, diferentes florestas.
Dizendo de outra forma, há variados ecossistemas e florestas compondo a Mata Atlântica. Aliás, algumas dessas florestas têm nomes bem curiosos, como a Floresta Ombrófila Densa (ou Floresta Pluvial Atlântica), a Floresta Ombrófila Mista (ou mata de araucária) e a Floresta Estacional. Vamos conhecê-las melhor…
A Floresta Ombrófila Densa ocorre nas regiões mais próximas ao litoral, onde a umidade é mais intensa e constante ao longo do ano, não havendo uma estação seca definida. Nesta floresta há montanhas, como a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, que ajudam a reter a umidade, favorecendo uma vegetação exuberante.
Além disso, ela se divide em quatro tipos conforme a altitude: terras baixas (até 50 metros), submontana (entre 50 e 500 metros), montana (entre 500 e 1.500 metros) e altomontana (acima de 1.500 metros). Esta última também é chamada de mata nebular, porque fica bem alta, onde geralmente a neblina se acumula. Você deve ter em mente a imagem de uma montanha com uma nuvem no topo. Lembrou?
Mais ao Sul do Brasil, podemos encontrar a Floresta Ombrófila Mista ou mata de araucária, que ocorre principalmente no Paraná, e é repleta de araucárias – é claro! –, como os pinheiros-do-Paraná (Araucaria angustifolia). Essa floresta também se encontra em altitudes elevadas (acima de 1.200 metros), no sul de Minas Gerais e em áreas mais ao Norte.
A Floresta Estacional ocorre em áreas mais interiores da Mata Atlântica. Tem o verão quente e úmido e os invernos frios e secos. Essa floresta se subdivide em dois tipos, com traços semelhantes. O primeiro deles é a Floresta Estacional Semidecidual, que tem como caraterística um período seco, de 90 a 120 dias por ano, quando as árvores perdem até metade das folhas. Já a Floresta Estacional Decidual (ou Mata Seca) tem como principal característica a perda acentuada ou total de sua folhagem no período seco, e faz fronteira com os biomas Cerrado e Caatinga.
Na Mata Atlântica também existem lugares onde a floresta dá espaço para a vegetação rupestre, onde as plantas são adaptadas a viver sobre as rochas. Nesses ecossistemas rochosos, a vegetação, que é bem diferente daquela encontrada nas florestas, é adaptada a condições extremas de Sol forte, ventos, pouca água e quase nenhum solo. Apenas espécies muito resistentes conseguem viver ali, muitas delas raras e ameaçadas de extinção. Entre esses ambientes, destacam-se os inselbergues e os campos de altitude.
Os inselbergues são os ecossistemas rochosos mais comuns da Mata Atlântica, formados por grandes paredões (ou maciços) de rochas de granito, gnaisse ou da mistura dessas duas rochas. Bons exemplos são o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, e o Frade e a Freira, no Espírito Santo. Mas há outros exemplos nos dois estados e também em Minas Gerais e no Sul da Bahia, principalmente.
Os inselbergues da Mata Atlântica estão entre os principais hotspots – isto é, áreas de extensa biodiversidade sob grande ameaça de destruição – de plantas rupestres do mundo. Eles incluem, por exemplo, tapetes de monocotiledôneas (como as bromélias e velózias), vegetação lenhosa e paredes rochosas cheias de espécies vegetais endêmicas – que não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta. Há também ilhas florestais, com árvores, arbustos e palmeiras rupestres, que, além de servirem de suporte para plantas que crescem sobre outras plantas (epífitas), também são refúgios para espécies ameaçadas da região do entorno.
Os campos de altitude, por sua vez, são ecossistemas que ficam nos pontos mais altos da Mata Atlântica, entre 1.800 e 2.892 metros, em regiões com as temperaturas mais baixas do Brasil. Nesses campos, há uma mistura de gramíneas, ervas e arbustos que cobre o topo das montanhas. Podem ser encontrados principalmente na Serra da Mantiqueira, Serra do Mar e em picos isolados no Sul do Brasil. Embora também cresçam sobre rochas, os campos de altitude são diferentes dos inselbergues por estarem em locais mais elevados.
Quando os europeus chegaram para colonizar o Brasil, há mais de 500 anos, a Mata Atlântica formava um grande tapete verde ao longo da costa brasileira. Lamentavelmente, a exploração das riquezas naturais do Brasil, como a extração do pau-brasil, árvore típica desse bioma, além da destruição da vegetação para a construção de cidades, o cultivo de alimentos, a criação de gado e a construção de estradas, reduziu de forma impressionante esse bioma.
Atualmente, se dividíssemos a Mata Atlântica em 100 pedaços, apenas 12 deles restariam da floresta original. Isso faz com que esse bioma seja considerado o mais ameaçado de todos! É fundamental que estejamos informados sobre as ameaças que incidem sobre a Mata Atlântica para cobrarmos das autoridades competentes a sua preservação!
Agora, diz aí: gostou do passeio?
Talitha Mayumi Francisco
Dayvid Rodrigues Couto
Instituto Nacional da Mata Atlântica
Matéria publicada em 02.06.2025
ester amorim ribeiro andrade
oi o meu nome È ester e È sa estoria È muito legau
Asaph lucas
Eu gostei muito!!!
Não sabia que a mata Atlântica era o bioma mais ameaçado do mundo,
Por favor continuem fazendo essas matérias.
Asaph!!!
Deodoro Moreira dos Santos
Excelente matéria com os esclarecimentos necessários sobre a história deste bioma e sua luta inglória pela “sobrevivência”. É difícil pois cada vez mais, nós brasileiros, continuamos destruindo este bioma em prol de construção de habitações, fábricas, estradas, aeroportos pra vida ficar mais confortável. E o clima no Brasil fica cada vez mais comprometido, provocando inclusive destruições e mortes em diversas áreas deste bioma.