Famintas e estranhas!

Sem mandíbulas, as feiticeiras e lampreias parecem monstros de ficção.

Existem aproximadamente 75 espécies de feiticeiras conhecidas, e algumas ocorrem no litoral brasileiro. Sua principal defesa é liberar um muco que asfixia seus predadores.
Foto Masakazu Suzuki / Nature / CC BY 4.0

Sempre que você conversa, mastiga ou boceja, precisa abrir a boca, e faz isso graças à mandíbula e seus músculos. Nos mamíferos, grupo de animais que inclui os humanos, a mandíbula é formada por um único osso. Mas, em outros animais vertebrados, ela pode ter mais de cinco ossos conectados. E sabia que existem peixes sem mandíbula? É o caso das feiticeiras e as lampreias. Então, como elas abrem a boca? Você já vai descobrir…

À primeira vista, esses dois animais lembram cobras, com seus corpos alongados que serpenteiam na água. Mas, na verdade, as feiticeiras e as lampreias são os únicos representantes vivos de um grupo de peixes chamados ciclostomados ou agnatos, nomes de origem grega que significam “com boca circular” e “sem mandíbula”.

As feiticeiras, também conhecidas como peixes-bruxa, são os “urubus do oceano”. Cegas, elas usam três pares de tentáculos na ponta do focinho e o olfato para procurar carniça em águas frias. Assim que encontram um bicho morto para servir de jantar, começam a devorá-lo.

A boca das feiticeiras não tem mandíbula, mas tem músculos ligados a fileiras de dentes afiados. Ela abre e fecha como uma pinça no sentido horizontal, enquanto a nossa boca abre e fecha no sentido vertical.

Boca de uma feiticeira com os dentes expostos.
Foto Vincent Zintzen (New Zealand Department of Conservation) e Carl Struthers (Museum of New Zealand Te Papa Tongarewa)

Assim como as feiticeiras, algumas espécies de lampreias também comem carniça. No entanto, mais famosas são parasitas. A boca de uma lampreia está sempre aberta e parece um desentupidor de pia cheio de dentes, que se fixa na pele dos seus hospedeiros, como peixes maiores e até baleias. Usando uma “língua” que também tem dentes, as lampreias raspam a pele do hospedeiro, se alimentando de carne e sangue. Por isso, também são chamadas de peixes-vampiro.

Ao contrário das feiticeiras, as lampreias têm olhos bem desenvolvidos e até enxergam cores. Cientistas já catalogaram cerca de 40 espécies, que podem medir entre 10 centímetros e um metro de comprimento. Elas não vivem no Brasil.
Foto Tiit Hunt / Wikipedia / CC BY-SA 3.0
Boca de uma lampreia.
Foto NOAA Great Lakes Environmental Research Laboratory / CC BY-SA 2.0

Peixe-bruxa, feiticeira, lampreia ou peixe-vampiro são nomes estranhos para animais que parecem ter saído de filmes ou livros de ficção científica. Essa é mais uma prova de como o mundo animal é surpreendente!


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Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora

Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!

Matéria publicada em 03.06.2025

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